domingo, 27 de novembro de 2011

Flores





Na natureza procuro a paz. Paz de corpo, de espirito, de alma. Paz que tenho dificuldade em encontrar junto aos outros. Rodeado de pessoas nem sempre nelas encontro essa paz. A natureza da-nos tudo, não cobra nada. O ser humano quando dá tem sempre como meta a cobrança. Por isso amo a natureza.

domingo, 20 de novembro de 2011

Recordação


Já não sei quem sou.
Mudei tanto nestes anos.
Não preciso de ninguém para sobreviver.
Basta só a minha solidão que me enche de agonia.
Não preciso de ouvir lamúrias e reclamações das outras pessoas.
Só me fazem sentir mais angustiado comigo mesmo.
Problemas? Quem é que sabe o que são problemas.
Um amor perdido ou um amor que nunca existiu, isso não são problemas.
São falsos pretextos para teres algo que te desculpar.
Gosto de estar sozinho e pensar na minha vida.
No entanto as responsabilidades vão passando e mais berros ouço.
Já não sei quem sou novamente.
Não sinto um aperto no coração.
As flores que me deste murcharam
Tal como parece ter acontecido ao nosso amor.
Mas que amor? Não sinto amor, agora não.
Tentei lutar por algo que quis que acontecesse
Não sei se vai acontecer.
Não tenho vontade para nada nem ninguém
Sinto-me perdido e infeliz
No entanto sempre fui assim.
Não quero continuar a viver uma mentira
Preciso saber se por aquilo que lutei ainda permanece e ainda existe
Pois não preciso de mais sofrimento
Não quero pensar em nada
Distraio-me com pessoas importantes para mim
Demasiado importantes
Gosto de ouvi-las tocar.
São pessoas bonitas.
Tão bonitas que me apaixonei por elas.
Sinto-me sozinho cada dia que passa
As pessoas que são importantes para mim estão distantes e têm outras pessoas
Pessoas importantes para elas
Não tenho muitos amigos
Mas porquê?
Se um dia acaba tudo, e o sofrimento será maior.
Fica a recordação das imagens que fui acumulando ao longo da vida.
Imagens que no momento de as fixar, me fizeram esquecer a dor
A única coisa que nos espera é a morte e nada mais.

domingo, 13 de novembro de 2011


U PARA VOCÊ, COM CARINHO.

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite
que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem
intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido
todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os
meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o
quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer
o quanto gosto deles.Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão
incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não
declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de
como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto
pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida
ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da
vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando
comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que
são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."

sábado, 5 de novembro de 2011

Sonho

Sonho. Não Sei quem Sou
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Sonho. Não Sei quem Sou
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

A minha Cidade